domingo, 20 de setembro de 2015

Cuidados com as pessoas com deficiência são discutidos em Uberlândia

Cuidados com as pessoas com deficiência são discutidos em Uberlândia
 
        Sensibilizar a população, o poder público e os profissionais de saúde na garantia de direitos e inserção efetiva das pessoas com deficiência são as preocupações abordadas no I Encontro da Rede de Cuidados a Pessoa com Deficiência, que aconteceu  (17), em Uberlândia. O evento promoveu rodas de conversa abertas ao público e oficinas de capacitação de profissionais da área para atender e ajudar na reabilitação e cuidado de pessoas com deficiência.

        Analice Neres, coordenadora de Redes da Secretaria Municipal de Saúde, explica o que é o encontro é um convite para discutir como implementar uma política pública de saúde, uma assistência de qualidade e uma rede de cuidados a partir da união de forças e de fatores.

        Durante a manhã de hoje, pacientes portadores de deficiência e mães que buscaram o diagnóstico dos filhos na rede compartilharam suas experiências com os presentes no auditório da Uniube, onde ocorre o evento. Gilmar Rabelo teve poliomielite quando criança e conta que na época, 1958, apesar de já existir a vacina, ainda era difícil elas chegarem no interior do país. Ele se formou em engenharia civil na UFU, mas diz que teve dificuldades para assistir as aulas por  falta de acessibilidade do bloco.

        Dados do Censo Demográfico, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010 revelam que 23,9% da população brasileira (45,6 milhões de pessoas) possuem algum tipo de deficiência, seja ela visual, auditivo, motora ou intelectual. Assim, a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência de Uberlândia se faz necessária para criar, ampliar e articular pontos de atenção à saúde para pessoas com deficiência temporária ou permanente, auxiliando na inserção social delas.

        Luciana Moura, que teve poliomielite com 7 meses de idade, também deu seu depoimento e pediu que a rede também orientasse pais e familiares, para evitar a limitação da pessoa com deficiência. “Minha vida se fez nesta cadeira (de rodas)”, conta.

        Luciana explica que além de enfrentar o preconceito da sociedade, a família também foi difícil. “Eu tinha a convicção que chegaria a algum lugar, apesar da superproteção da minha família. Eles eram super protetores comigo e isso atrapalha muito, porque tudo eu tive que brigar para conseguir. Era muito difícil, porque eu que tive que estudar em casa. Enquanto minhas irmãs faziam curso de informática, eu ficava em casa, porque meus pais achavam que a pessoa com deficiência não saía, ficava em casa e tinha que depender dos pais, e na falta deles, depender dos irmãos. Tive que brigar para poder fazer faculdade”, revela.

        As mães Emilene Dourado e Karolina Cordeiro também estavam presentes na mesa da roda de conversas e dividiram a experiência de descobrir o diagnóstico dos filhos. Emilene tem dois filhos autistas e contou sobre como foi descobrir pelo SUS o que os filhos tinham. Já Karolina Cordeiro, mãe de Pedro (9 anos), percebeu nos primeiros meses de vida do filho que ele estava perdendo os movimentos por causa de uma síndrome rara, Aicardi-Goutieres, e de diagnóstico difícil. “A família que passa por uma situação dessas se torna especialista na doença”, conta Karolina.

        Além de promover essa troca de experiências, o I Encontro da Rede de Cuidados a Pessoa com Deficiência busca promover a articulação da rede, desde a Atenção Básica até o atendimento especializado, capacitando e sensibilizando pessoas ao atendimento à pessoa com deficiência. No período da tarde, oficinas de capacitação são oferecidas a prestadores de serviços como Associação de Apoio à Criança com Deficiência (AACD), Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), Associação dos Reumáticos de Uberlândia e Região (ARUR), Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) e Centro de Excelência em Reabilitação e Trabalho Orientado (CERTO) e serviços próprios como Centro Especializado de Reabilitação (CER), Centro de Reabilitação Municipal (CEREM), Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) São Jorge e Unidade de Atendimento Integrado (UAI) Pampulha.

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