Raízes do Sertão resgata importância dos trabalhadores rurais

Raízes do Sertão resgata importância dos trabalhadores rurais

            Tendo o pai como inspiração e com o poema “Profissão produtor”, Isadora Luísa Rodrigues Gonçalves se tornou a representante da Escola Municipal do Moreno, na fazenda Tenda dos Morenos, na edição 2015 do projeto Raízes do Sertão. O texto escrito pela estudante do 8º ano do ensino fundamental destaca a importância dos produtores rurais e da integração entre o campo e a cidade, principalmente no quesito produção de alimentos. A vitória de Isadora Gonçalves foi nesta quinta-feira (19), na Escola do Moreno, durante uma das etapas do projeto. Agora, o poema da adolescente de 13 anos será musicalizado e apresentado por ela na final do Festival Raízes do Sertão, no dia 6 de dezembro, às 15h, na Arena Sabiazinho.

            “Quero me tornar médica, mas nunca me esquecerei e sempre vou valorizar o produtor rural. Meu pai trabalha na roça e além de sustentar nossa família, ele garante o alimento de muitas pessoas do campo e da cidade. Foi ele que me inspirou a compor o poema”, disse Isadora Gonçalves após ter seu poema eleito.

Nesta sexta-feira (20), haverá apresentações musicais e definição das poesias vencedoras em duas escolas municipais da zona rural. Pela manhã, na escola Sebastião Rangel, distrito de Tapuirama, e à tarde na escola Sobradinho, na fazenda Sobradinho.

A última etapa acontecerá na manhã do dia 27, na Escola Municipal Dom Bosco.

            O projeto Raízes do Sertão é desenvolvido pela Viola de Nóis Produções desde 2008 para valorizar e difundir ainda mais a música e a cultura caipira, tendo as escolas como principal campo de atuação. Neste ano, com apoio da Secretaria Municipal de Educação, o projeto assumiu o formato de um festival de música com a participação de alunos de 12 escolas municipais da zona rural. A proposta é que cada edição tenha um tema específico, e a de 2015 aborda a importância do homem do campo para os moradores das cidades.

“Mesmo com poucos conhecimentos técnicos e científicos, os produtores rurais realizam trabalhos de importância fundamental. São eles que garantem, principalmente, a alimentação nas cidades e muitos cidadãos não tem consciência disso”, disse a produtora Polyana Faria, do grupo Catira Raízes do Sertão, uma das organizadoras do Raízes.

           

Sobre o projeto

O projeto se divide em três etapas. A primeira teve início no dia 19 de outubro quando tiveram início as palestras para alunos e professores municipais com produtores rurais. Em seguida, os alunos escreveram poemas sobre a integração entre campo e cidade. Cada escola teve até 60 textos selecionados. Destes, três foram escolhidos como os melhores. Atualmente está em andamento a segunda etapa, quando cada unidade escolar tem um poema escolhido em votação para representá-la. O aluno e também autor do texto passará por ensaios para a terceira fase, quando cantará seu poema durante a apresentação na Arena Sabiazinho, no dia 6 de dezembro. A expectativa é que as 12 músicas sejam gravadas em um CD e as apresentações em DVD. Devido à qualidade das composições, os organizadores do Raízes pretendem lançar um almanaque com os três melhores poemas de cada escola.

            “Quando idealizei o Raízes do Sertão pensei em algo que valorizasse o campo e sua população, que fornece alimentos e matérias-primas essenciais”, disse o idealizador do projeto, Tarcísio Manuvéi, da Viola de Nóis. Ele é um dos artistas que se apresentarão no Sabiazinho, juntamente com os alunos, o Grupo de Catira Raízes do Sertão, o Grupo Tradição de Minas e o violeiro instrumentista Arnaldo Freitas, que durante nove anos fez parte da banda do programa Viola Minha Viola, apresentado por Inezita Barroso na TV Cultura.

            “É um trabalho que valoriza tanto o presente quanto o passado das pessoas do campo. Em nossa escola percebemos que o Raízes resgatou a história de muitos alunos, que conversaram com seus familiares e descobriram coisas fantásticas”, disse a diretora da Escola do Moreno, Tatiana Olício. Outro aspecto positivo apontado por ela é que muitos alunos não tinham o hábito de escrever, mas agora tomaram paixão pela escrita.