domingo, 22 de novembro de 2015

Crianças saem às ruas do São Jorge contra a dengue

REPORTAGEM ESPECIAL

Crianças saem às ruas do São Jorge contra a dengue

Mais de 500 alunos de sete escolas irão participar de atividade nesta quinta-feira, reafirmando o compromisso para o desenvolvimento da mobilização social no combate ao mosquito

A Prefeitura Municipal de Uberlândia mantém ações de combate à dengue diariamente, faça chuva ou faça sol, em todas as regiões do município. Para ter uma dimensão da abrangência do serviço, foram mais de 700 mil visitas a imóveis em 2015. E não é só as vistorias dos agentes de controle de zoonoses, há vários métodos de enfrentamento à doença que somente neste ano envolveram mais de 17.000 pessoas. A parceria entre as secretarias da Prefeitura, junto à força da população é a estratégia mais eficiente na articulação para a vigilância e eliminação da dengue.
Nesta quinta-feira (19), uma passeata de mobilização contra a dengue tomará as ruas do São Jorge. Uma caminhada sairá de sete escolas que atendem a região e segue até o poliesportivo do bairro. A Secretaria de Trânsito e Transportes (Settran) dará apoio na organização do trânsito e a Polícia Militar também estará presente. No encontro das mais de 500 crianças, as Secretarias de Educação e de Saúde vão reafirmar o compromisso para o desenvolvimento da mobilização social contra a dengue a partir das unidades educacionais. A atividade é um exemplo de união de energias entre o serviço público e os moradores da cidade. O envolvimento desta semana tem um foco nos mais jovens e o objetivo é que eles sejam multiplicadores dentro de suas casas.
Durante a passeata, alunos, professores, diretores entre outros, vão conclamar a população para um grande movimento contra a dengue. Na cerimônia no poliesportivo do bairro haverá a assinatura simbólica do projeto pela secretária de Educação, o secretário de Saúde e o prefeito Municipal.

Diálogo com a turma de campo

Nesta terça-feira (17), o prefeito Gilmar Machado conversou com os agentes de zoonoses no Auditório Cícero Diniz, na Prefeitura, sobre as ações de prevenção à dengue. Falando para os trabalhadores que estão na linha de frente no combate ao mosquito, o prefeito disse que a dengue não é só uma obrigação somente dos agentes, mas de toda a população. “Essa visão de trabalho em equipe é fundamental”, disse.
E é justamente em consonância com essa visão do gestor que a Secretaria de Comunicação trabalha a campanha que está no ar em rádios, TVs, veículos impressos, redes sociais, outdoors para alertar a população sobre os focos da doença e convocar a cidade para o envolvimento contra o Aedes.
Também nesse esforço conjunto, outras atividades aconteceram nas últimas três semanas nos bairros Brasil, Umuarama e Canaã. A Secretaria de Serviços Urbanos e a Secretaria de Obras também fizeram parte das ações. Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSFs) promoveram atividades nas salas de espera e orientam as famílias nas visitas domiciliares.

Atenção primária

Além das ações integradas, a Prefeitura de Uberlândia trabalha para que seus setores atuem em concordância e com o apoio da população. Nas UBSFs, por exemplo, acontecem cursos de capacitação com Agentes Comunitários de Saúde, Agentes de Controle de Zoonoses e Agentes de Saúde Escolar. Vinte e uma unidades já foram capacitadas, enquanto outras 23 ainda estão passando pelo processo. Até dezembro, as 73 UBSFs estarão preparadas para estabelecer em seus territórios ações de mobilização social, envolvendo as organizações e as instituições públicas para juntos trabalhar no controle da dengue, orientando as famílias a limpar suas casas e quintais para eliminar os criadouros do mosquito. São 460 agentes de saúde envolvidos na campanha contra a dengue.
O diretor de Vigilância em Saúde, Samuel do Carmo Lima, explica que estas ações buscam reforçar na comunidade a necessidade do trabalho conjunto entre população e agentes para eliminar focos do mosquito. “Quando a epidemia começa, é difícil fazer algo a respeito. A prevenção é mais efetiva. Por isso, queremos convidar as pessoas a nos ajudarem”, explica.
As escolas de ensino fundamental também são outro elo: Comitês de Mobilização Comunitária são estabelecidos nas unidades para que os jovens e as famílias trabalhem cuidando de sua saúde, da saúde de suas famílias e do lugar onde vivem. E há vários exemplos de cidadãos que já se conscientizaram. Como dona Maria Deolina da Silva, 82 anos, que recebeu recentemente a visita dos agentes de zoonoses no Canaã. Ela conta que não encontraram criadouro da doença e incentiva as pessoas a cuidarem de suas casas. “Se todo mundo cuidasse pra não dar mosquito, não dava trabalho depois”, diz.

O controle natural

Quando tanques ou reservatórios de água não podem receber larvicidas, a tática para a redução de índices é o uso de peixes que se alimentam das larvas do mosquito. O mais popular é o lebiste, mas a Prefeitura Municipal de Uberlândia passou a contar com o platy, um peixe exótico de pequeno porte e coloração vermelha. Um estudo desenvolvido pelo Programa de Controle da Dengue do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) descobriu que os platys são mais rápidos e, portanto, viáveis no controle das larvas.
Enquanto os platys ingerem cerca de 50 larvas a cada 6 horas, os lebistes demoram cerca de 24 horas para fazer a mesma coisa. As duas espécies podem ser criadas nos mesmos tanques e por essa razão, a implantação do platy nos peixamentos já está acontecendo em conjunto com os lebistes. “O trabalho com os peixes só é possível com os parceiros que os fornecem para nós. A Fundação de Excelência Rural de Uberlândia (Ferub) fornece os lebistes e a Secretaria de Agropecuária e Abastecimento tem tanto o lebiste como o platy em tanques conjuntos”, explica Edimar Olegário, coordenador do Programa de Controle da Dengue.

Fumacê só na epidemia

E se os peixamentos são arma contra as larvas, o Ultra Baixo Volume (UBV) pesado, conhecido como fumacê, funciona no combate ao mosquito adulto, mas somente em momentos muito críticos. Este recurso, no entanto, só é utilizado quando há vários casos notificados de dengue numa mesma região em que o município esteja com uma taxa de incidência superior a 300 casos por 100 mil habitantes, que não é a realidade de Uberlândia no momento. Além disso, o equipamento pertence ao Estado, que é responsável pela liberação dos veículos, do veneno e do óleo que faz parte da fumaça lançada.
Para que o fumacê seja eficaz, a atitude correta é abrir sua casa, seu comércio e todo ambiente de seu convívio para que o inseticida tenha um maior alcance no interior das residências, onde o mosquito esconde. O fumacê é composto pelo inseticida misturado em óleo de soja limpo e espalhado por meio do UBV, no qual gotículas são produzidas por um equipamento que realiza pulverizações em aerossol a frio, de modo a se tornar uma espécie de neblina no ambiente, que deixa o produto suspenso no ar por até duas horas após a aplicação. O mosquito, ao passar no meio dessa neblina, é atingido pelas partículas do inseticida e eliminado.
Segundo o último levantamento feito em outubro pela Secretaria de Saúde, 97,5% dos focos estão nas residências, enquanto 2,5% estão nos terrenos baldios. E esses dados se repetem ano a ano: o mosquito quer ficar mais perto do seu alimento, ou seja, do sangue das pessoas. Por isso, quer ir para dentro das residências. Então, a regra é clara: a patrulha contra a dengue é papel de todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.