domingo, 10 de agosto de 2014

REPORTAGEM ESPECIAL

REPORTAGEM ESPECIAL

Prefeitura busca soluções para resolver o problema de lixo em locais indevidos

Em Uberlândia são 56 pontos críticos usados pela população, gerando gasto de mais de R$ 2 milhões com limpeza

Uberlândia é um dos maiores referenciais do interior mineiro em crescimento. A geração de emprego e renda, a oportunidade de formação educacional e profissional e a boa qualidade de vida são ingredientes que atraem para a cidade pessoas em busca de um futuro melhor para toda a família. 
Para atender a todos estes avanços é necessário que o poder público e os cidadãos se conscientizem para que o crescimento seja frutífero e sustentável. Neste aspecto, um dos pontos de atenção é o aumento dos resíduos sólidos urbanos, provenientes principalmente das residências, do comércio, da construção civil e dos órgãos públicos. Com o descarte incorreto, esses materiais podem prejudicar a natureza e trazer problemas à população, como o mau cheiro e a presença de animais peçonhentos que podem até causar doenças.
            Segundo informações da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSU), 450 toneladas/dia de resíduos são gerados e recolhidos pelos caminhões da coleta de lixo em Uberlândia. Já os resíduos sólidos, jogados indevidamente pela população em terrenos e áreas verdes, somam 444 toneladas/dia. Essas médias são dos últimos 90 dias.
Em busca de soluções para amenizar o impacto ambiental e manter a cidade limpa, diversas ações já vêm sendo empreendidas pela Prefeitura de Uberlândia, mas é necessária a participação de toda a população.
            Além dos serviços diários de coleta de lixo doméstico, a SMSU implantou a Coleta Mecanizada, com contêineres instalados em diversos pontos. Com isso, os moradores podem acomodar o lixo doméstico sem que ele se espalhe pelas ruas. Outra alternativa para a efetiva melhoria da destinação dos resíduos foi o avanço na implantação da coleta seletiva. Atualmente, 26 bairros já recebem o serviço. Os Ecopontos também contribuem de maneira eficaz na melhoria. Instalados em 11 locais específicos, estão prontos para receber, cada um, cerca de 30 toneladas de resíduos por dia, segundo a SMSU. Ainda neste ano mais um Ecoponto será inaugurado.

A população precisa participar

A participação da população é fundamental para a destinação correta dos resíduos. Segundo a secretaria, aproximadamente 50% do lixo produzido tem origem doméstica. “A população precisa se conscientizar de que todos somos responsáveis pelo lixo que produzimos”, diz o secretário Eduardo Afonso. A utilização dos contêineres, a acomodação correta do lixo, a participação no programa de coleta seletiva e a utilização dos Ecopontos são alternativas eficazes, que evitam que o lixo se espalhe e garantem que haja uma destinação correta.
            Um grave problema que vem gerando transtornos à população e gastos aos cofres públicos é o aumento de descarte de lixo em áreas particulares e públicas. A SMSU tem empenhado todos os esforços para evitar essa situação. Mesmo com fiscalização e placas indicando a proibição, os locais são utilizados de forma irregular pela população. São pelo menos 56 pontos críticos de descarte irregular detectados pela secretaria. A limpeza nessas áreas é realizada periodicamente. Em alguns pontos a secretaria precisa retornar mais de uma vez por semana para fazer o recolhimento do material e enviar ao aterro municipal.
Dados da secretaria mostram que os gastos com a limpeza desses locais chegam a mais de R$ 180 mil por mês, e mais de R$ 2 milhões por ano. Segundo o secretário de Serviços Urbanos, Eduardo Afonso, esses recursos poderiam ser usados para ampliar os serviços da secretaria, como a coleta mecanizada e a coleta seletiva, em toda a cidade.
“Por que não implantamos isso de imediato? Porque tem custo. O recurso que poderíamos usar para comprar contêiner acaba sendo usado para recolher entulho que o cidadão joga em lugar indevido”, disse o secretário.
O que chama a atenção é que a maioria dos 56 pontos críticos está próxima aos Ecopontos, locais apropriados para o descarte de resíduos. Israel Cassiano Ferreira é morador do São Jorge. Mesmo com um Ecoponto em seu bairro, ele observa sempre que há quem descarte lixo em uma área em frente a sua casa. “Todo dia você vê passando aqui carro e caminhão com lixo”, disse. “O pior de tudo é o mau cheiro”, ressalta. Alexandra Nascimento mora próximo a um ponto onde a população utiliza para o descarte de resíduos domésticos. “É uma coisa desagradável. Não acho correto”, afirmou.

O que são os Ecopontos?

Ecologicamente corretos, os Ecopontos são locais destinados a receber diversos resíduos, como restos de materiais de construção, podas de árvores, lixo descartável, óleo de cozinha, pilhas e baterias. Com os Ecopontos para o descarte do lixo, não há necessidade de que a população jogue o lixo em locais inadequados.
Uberlândia possui 11 Ecopontos com capacidade de receber até 30 toneladas dia cada. Todos os Ecopontos estão em pontos estratégicos, nos bairros Luizote de Freitas, São Jorge, Santa Rosa, Guarani, Presidente Roosevelt, Daniel Fonseca, Morumbi, São Lucas, Tocantins, Cruzeiro do Sul e Segismundo Pereira.
A secretaria pretende inaugurar mais um Ecoponto ainda neste ano.

Coleta Seletiva
           
O programa de coleta seletiva em Uberlândia foi ampliado. Ao todo, 26 bairros de Uberlândia já são atendidos pelo serviço. Em datas programadas, um caminhão da SMSU passa de rua em rua recolhendo os materiais separados pelo morador.
            Segundo a Divisão de Limpeza Urbana da SMSU, de janeiro a junho mais de mil toneladas de resíduos foram recolhidos e encaminhados para uma cooperativa e para cinco associações de catadores de Uberlândia. O lixo que antes iria para o aterro agora se transforma em renda para diversas famílias, além de preservar o meio ambiente.
O apoio da Prefeitura à cooperativa e às associações de catadores tem sido importante para o crescimento da coleta seletiva. Além de investir em infraestrutura, já está nos planos da Prefeitura a destinação de uma área no Distrito Industrial para acomodar as associações. Outro ponto fundamental é a conscientização.
Segundo o presidente da associação de catadores, ASSO-Taiaman, Roosevelt Martins, a Prefeitura tem ouvido a opinião dos catadores e os integrado no processo. “Nesse ponto a educação está melhorando. A Prefeitura tem conseguindo, ao lado dos catadores, conscientizar mais a população”, afirmou.
             Para avançar ainda mais o serviço de coleta seletiva, em 2013 foi criado através de decreto municipal o Comitê da Coleta Seletiva. Fazem parte do comitê representantes de cooperativas e associações de catadores, servidores das secretarias envolvidas (como a de Serviços Urbanos, Educação, Desenvolvimento Social e Trabalho, Meio Ambiente, Saúde e Educação) e o Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR). Por meio de diversas reuniões e palestras o comitê tem discutido diretrizes e atitudes para reestruturar e avançar ainda mais no processo da coleta seletiva em Uberlândia.
Atualmente, 27 bairros recebem o serviço. São eles: Nossa Senhora Aparecida, Bom Jesus, Brasil, Cazeca, Centro, Custódio Pereira, Daniel Fonseca, Dona Zulmira, Fundinho, Jardim Patrícia, Lídice, Luizote de Freitas, Mansour, Martins, Morada do Sol, Osvaldo Resende, Patrimônio, Presidente Roosevelt, Santa Mônica, Saraiva, Segismundo Pereira, Tibery, Umuarama, Tabajaras, Jaraguá e Vigilato Pereira.

Cata-treco
           
Outro programa que tem contribuído para a destinação correta do lixo é o Cata-Treco. O programa recolhe, nas casas, objetos rejeitados pelos moradores. Os que são reaproveitados são doados para pessoas que necessitam e os inutilizáveis são destinados a cooperativas e a associações de catadores. São recolhidos móveis, como sofás, guarda-roupas, camas e colchões, mesas e fogões, e eletrônicos, como televisão, micro-ondas, computados, máquinas de lavar e geladeiras. Com isso, a Prefeitura evita que esses materiais sejam descartados em terrenos e locais inapropriados.
            O morador que deseja que seus móveis sejam recolhidos pode entrar em contato com a Diretoria de Limpeza Urbana (DLU), através dos telefones 3212-5356 ou 3239-2800 (SIM). Para obter a doação, a pessoa precisa fazer um cadastro na DLU, na Avenida Rondon Pacheco, 5.777, das 07h às 17h.

O que vem por ai

            A Prefeitura de Uberlândia pretende avançar ainda mais nesse tema. Já está prevista, por meio do Comitê da Coleta Seletiva, uma reestruturação do serviço da coleta seletiva. A administração pretende expandir o programa para toda a cidade.
            Ainda segundo o secretário Eduardo Afonso, um projeto, em parceria com a Secretaria de Educação, já está sendo desenvolvido para a instalação de contêiner para a coleta seletiva em todas as 116 escolas municipais. “Com a parceria, a Secretaria de Educação vai fazer planos de trabalho de conscientização dos alunos, não só quanto à coleta seletiva, mas sobre a questão ambiental e da coleta de lixo em geral”, afirmou.
            Sobre a coleta mecanizada, já existe um projeto para que seja implantada em toda a cidade. Com relação ao lixo em locais inapropriados, o secretário Eduardo Afonso afirmou que a fiscalização nos locais aumentará e que campanhas de conscientização serão mais efetivas nos locais. “Se a população se conscientizar da importância do descarte correto, vamos economizar e poderemos avançar ainda mais”.


Rodrigo Fernandes
Serviços Urbanos

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