Alex e Marquinhos protagonizam 48º encontro na história do NBB CAIXA naquela que pode ser a última batalha entre as lendas
Jogo entre Bauru Basket e R10 Score Vasco da Gama terá um componente a mais do que a disputa direta por posições: Alex e Marquinhos podem protagonizar último duelo das lendas
Não programe nada para essa quinta-feira à noite. Pode ser a última vez que verá em quadra Alex Garcia e Marquinhos juntos, no 48º enfrentamento entre os dois na história do NBB CAIXA. O jogo entre Bauru Basket e R10 Score Vasco da Gama, no Panela de Pressão, às 19h30, com transmissão do sportv e NBB BasquetPass, valerá muito para os dois times em termos de classificação na tabela da temporada 2024/25. Contudo, valerá muito mais para a história pessoal dessas duas lendas e da competição.
"Realmente, cada um construiu sua história dentro do NBB CAIXA. São anos de duelos e sempre com muito respeito e entrega em quadra. Saber que esse pode ser o nosso último embate na Liga e com tanta coisa em jogo dá um peso ainda maior para o confronto. É confronto direto, reta final e nosso foco é garantir a melhor posição possível para os playoffs. Vamos aproveitar o apoio da nossa torcida no Panela e lutar até o fim por essa vitória", afirmou Alex.
"É sempre um prazer enorme jogar contra o Alex, é um cara que eu admiro, é um cara que tem uma perseverança incrível. Quantas vezes ele caiu e levantou rápido? Quando eu falo caiu, eu digo em relação à lesões, ele teve lesões sérias de joelho e deu a volta por cima. É um cara que tem a carreira brilhante e, no auge dos seus 44, 45, segue jogando em altíssimo nível", enalteceu Marquinhos.
Ao anunciar que esta seria sua última temporada como jogador profissional, Marquinhos não poderia esperar que o seu último jogo na temporada regular seria no primeiro local que lhe deu chance como atleta adulto, 20 anos depois e contra outra lenda da qual já dividiu inúmeros palcos, inclusive jogando junto pela Seleção Brasileira, Alex Garcia. Antes da partida, seus respectivos times, R10 Score Vasco da Gama e Bauru Basket estão em 8º e 5º lugares, com disputa direta de colocações e pensando em um melhor posicionamento para os playoffs. Caso essas posições sejam mantidas até a última rodada, haveria possibilidade de uma nova sequência de duelos, se os dois times avançarem até as semifinais. Mas, com o NBB CAIXA tão imprevisível, não é hora de fazer um exercício de futurologia, mas sim de reverência ao que os dois construíram até agora no basquete nacional.
Ao longo de 17 temporadas do NBB CAIXA, das quais Alex competiu em todas e Marquinhos só não esteve presente na segunda, os dois alas protagonizaram grandes momentos e fizeram duelos interessantes em momentos distintos de suas carreiras. Fosse Alex do Lobos Brasília, conquistando três títulos seguidos, e Marquinhos no Pinheiros, fosse com Alex já no Bauru Basket e Marquinhos faturando seis títulos com o Flamengo. Nesse tempo ainda teve a única conquista do Dragão, que Alex trouxe para a Cidade Sem Limites. Ainda houve a época em que Marquinhos mudou-se para o São Paulo, ou ainda mais recente, já no R10 Score Vasco. Só para citar a última temporada, houve uma série de cinco jogos nas quartas de final, que Alex levou a melhor sobre Marquinhos em pleno São Januário.
Com uma carreira tão extensa em território nacional, não foram só os títulos de NBB CAIXA que colecionaram em comum. São recordes de diversos aspectos, prêmios individuais e outros troféus com suas equipes.
Além de sete finais no principal campeonato do País, Alex conquistou a Liga das Américas em 2014/15 e a Liga Sul-Americana por três vezes (2009, 2014 e 2022). Foi eleito MVP do NBB CAIXA em 2014/15 e MVP das Finais em 2016/17, sem contar que, por seis vezes, foi escolhido para o quinteto ideal do NBB CAIXA, além de ter vencido o prêmio de melhor defensor em nove oportunidades. 3º jogador com mais partidas no NBB CAIXA (572 jogos), 3º maior pontuador (8615 pontos), 3º maior reboteiro (2858), 3º maior assistente (2415 - prestes a passar Fúlvio, com 2416), 2º com mais bolas recuperadas (770) e tem a maior eficiência somando todas as partidas (9711). Virou o logo do NBB CAIXA.
"É visível o que ele representa para o time de Bauru, ele agrega muito para o time no quesito de defesa, na leitura do jogo, em vontade para com os moleques, porque é ver um jogador de 40 e poucos anos marcando e 'se o cara consegue, porque eu não consigo?' Os jogadores têm nele uma motivação. O jogo dele é um jogo de muita imposição física, um cara que por anos teve um físico fora da curva e ele usou muito do físico dele para jogar. Ele tem técnica também, defensivamente ele sabe parar grandes jogadores. Sofri boa parte da minha carreira com ele me marcando, tive que achar atalhos no meu jogo para poder passar contra ele e vem sendo assim nesse tempo, mas é um prazer sempre jogar com ele", reconheceu Marquinhos.
Além de ser um dos únicos três atletas com seis títulos de NBB CAIXA, ao lado de Jhonatan Luz e Olivinha, foi campeão da Copa Super 8 duas vezes pelo Flamengo e da Liga das Américas (atual BCLA) por dois times diferentes, Flamengo (2014) e São Paulo (2021), além de ter sido campeão intercontinental pelo Rubro-negro, em 2014. Único a ter vencido o prêmio de MVP do NBB CAIXA por três vezes (2013, 2016 e 2018). Outra façanha inigualável até o momento é de ser o jogador mais vezes escolhido para o quinteto ideal da competição, estando por 10 vezes na seleção do campeonato. 2º jogador na história a ultrapassar a barreira dos 9000 pontos no NBB CAIXA e o primeiro brasileiro, 8º em números de jogos (532), 2º cestinha (9084), 13º em rebotes (2266), 9º em assistências (1624), 10º em bolas roubadas (539) e tem a terceira maior eficiência somada (8875).
"Tem atletas que têm medo de enfrentar grandes jogadores. Eu penso o contrário: sempre gostei de marcar os melhores do time adversário. Acho que é uma boa oportunidade de você crescer, evoluir, se cobrar. E o Marquinhos é o tipo de jogador que se enquadra nesse perfil. Ele exige que você o estude, que pense na melhor forma de pará-lo no ataque. Então, com certeza, é uma rivalidade que engradeceu a carreira dos dois ao longo dos anos e a própria história do NBB CAIXA", Alex devolvendo os elogios e mostrando que há uma admiração mútua.
Essas carreiras brilhantes tiveram grandes embates entre si. "Tivemos muitos jogos marcantes, desde o tempo em que eu estava no Brasília e ele no Pinheiros. A mesma coisa aconteceu quando vim para Bauru e ele foi para o Flamengo. Mas, para citar um dos embates mais recentes, vou ficar com a nossa vitória no jogo 5 das quartas de final da temporada passada. Foi uma série intensa, em que conseguimos levar a melhor na partida decisiva em São Januário para garantir a nossa vaga na semifinal", comentou Alex.
Mas eles também estiveram lado a lado na Seleção Brasileira ao longo de algumas décadas, Alex tendo começado ainda em 2002 e Marquinhos, em 2007. E isso também gerou grandes lembranças. "No quesito de memórias, tenho inúmeras memórias de jogar contra, mas acho que Seleção Brasileira sempre foi as que mais eu gostei de ter. Aquele jogo que jogamos contra a Grécia, a defesa que ele fez no Antetokounmpo, não só ele, o Rafa Luz também mostrou quando o cara tem um papel no time ele sabe usar." Marquinhos se refere ao jogo da Copa do Mundo de 2019, em Nanquim, na China, com a vitória de 79 a 78 sobre os gregos, que permitiu aos brasileiros seguirem para a segunda fase. Alex foi um pitbull na marcação do então melhor jogador daquela temporada e ainda anotou 13 pontos. Marquinhos, vindo do banco, anotou 15 pontos. Um time que tinha Benite, Rafa Luz, Caboclo, Varejão, Leandrinho, Huertas, Didi, Felício, Yago e Augusto.
A trajetória dos dois também se confunde em quadras pelos principais centros da América do Norte e Europa. Na temporada 2003/04, Alex teve uma passagem pelo San Antonio Spurs, na NBA e na temporada seguinte jogou pelo New Orleans Hornets, mesmo time que Marquinhos defendeu nas temporadas 2006/07 e 2007/08. Alex passou pelo Maccabi Tel Aviv, em Israel, antes de ver o NBB CAIXA nascer, e Marquinhos teve duas passagens pelo Sutor Montegranaro, da Itália, ainda no começo da competição brasileira.
São dois personagens que arrancam elogios até de outra lenda que já reinou por muito tempo no basquete nacional. "Dá para dizer que eu joguei com os dois e contra os dois. Tive o prazer de jogar com o Alex na seleção brasileira por muitos anos, com o Marquinhos também. Tive o prazer de jogar contra o Alex, uma invalidade muito grande, Flamengo-Brasília, e contra o Marquinhos também, no início da trajetória dele. E são dois jogadores muito vitoriosos na história do basquete brasileiro, não tem como pensar em NBB CAIXA e não pensar nos dois. E são duelos como esse, como esses que veremos hoje de Alex contra Marquinhos, que promovem o jogo, jogadores de qualidade, jogadores com a trajetória incrível, líderes de suas equipes, e que engrandecem o espetáculo, engrandece o NBB CAIXA. É lógico que o campeonato vai sentir falta do Marquinhos e, quando o Alex parar, também do Alex. Mas tem muitos jovens talentos aparecendo e isso é legal da Liga ter essa renovação. O sentimento desses dois jogadores é de dever cumprido. Lógico que o Marquinhos anunciou que é a última temporada e o Alex acho difícil que seja. Acho que o Alex ainda tem muita energia para queimar", exaltou ninguém menos do que Marcelinho Machado, hoje comentarista do sportv.
"Para mim ele sempre será esse cara defensivamente fora da curva e é sempre um prazer jogar contra ele. O aspecto que eu queria no meu jogo com certeza é a defesa, vontade de defender, técnica defensiva. É um cara que sabe ver muito bem o que o adversário tem de melhor, o ponto forte do adversário", concluiu Marquinhos. "Um aspecto do jogo dele? Acredito que seja o arremesso", completou Alex, com um falando o que gostaria de ter do jogo do outro.
É uma história tão rica, com tantos capítulos memoráveis. É lamentar porque as pessoas têm um fim em suas carreiras, mas é comemorar por presenciar duas lendas juntas na quadra (tomara que não, mas...) uma última vez, cada um defendendo suas cores e suas instituições, mas com a certeza de ter tornado maior o basquete brasileiro.
O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete com patrocínio máster da Caixa Econômica Federal, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e patrocínios oficiais Penalty e UMP e apoio oficial Infraero, IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA.